Acompanhe o mercado do milho – Fevereiro 2017
Por Marsio Antônio*
O ano de 2016 certamente ficará por muito tempo na lembrança de produtores e consumidores de milho. Os preços oscilaram e atingiram níveis recordes até então, fazendo com que os consumidores do cereal adotassem medidas urgentes para conter a pressão pela qual estavam passando. Com isso, alternativas começaram a surgir, e dentre estas mereceram destaque a redução da demanda e também as importações.
Dados da Cia Nacional de Abastecimento – CONAB, divulgados neste mês de fevereiro, apontam uma redução no consumo interno da ordem de 5,91%, passando de 56,742 em 2015 para 53,387 milhões de toneladas em 2016.
No tocante às importações, o órgão aponta um volume estimado em 3,1 milhões de toneladas importadas pelo país em 2016, número este 880,7% acima do ano anterior, quando o Brasil importou apenas 316,1 mil toneladas. A maior importação realizada na história recente havia ocorrido em 2013, onde o volume alcançou 911,4 mil toneladas, ou seja, apenas 29,40% do volume importado em 2016.
Para este ano de 2017, os dados da CONAB e outros órgãos apontam para uma recomposição da produção, e por consequência também dos níveis de estoque. Os números divulgados pela estatal indicam que a produção total de milho neste ano deverá alcançar a marca 87,408 milhões de toneladas, ou seja, 31,38% superior à safra passada.
Do lado da demanda, a CONAB estima que os volumes deverão ser recompostos e atingir a marca de 56,1 milhões de toneladas. Já as exportações também deverão subir um pouco em relação ao exercício anterior, e assim atingir um volume estimado em 24 milhões de toneladas em 2017.
Confirmando-se os volumes esperados para a produção, importação, consumo e exportação, o estoque final da temporada deverá ficar em torno de 15,556 milhões de toneladas, o que representa uma elevação de 100% em relação ao ano anterior (2016). Com isso, é esperado uma situação bastante tranquila no mercado do milho nesta temporada, pois a relação “oferta x demanda” estará favorável ao consumidor, com uma boa disponibilidade de milho no mercado interno no decorrer do ano.
Em nível mundial, o cenário foi um pouco diferente daquele verificado no mercado interno em que, apesar de uma pequena redução na produção, os estoques finais apresentaram uma leve alta de 0,29%. Para esta temporada estima-se uma recuperação na produção da ordem 80 milhões de toneladas, e do consumo em 41 milhões de toneladas.
Esta conjunção de fatores aponta, segundo o USDA, para uma nova elevação dos estoques de passagem em nível Global, passando de 210,4 para 217,6 milhões de toneladas, ou seja, uma alta de 3,42%.
Confirmando-se estes números, a calmaria deverá prevalecer no mercado do milho em 2017, tanto no Brasil como em nível mundial. Este cenário já pode ser visto nas cotações da commodity na BM&FBovespa, onde o vencimento Novembro/17 recuou de R$ 31,76/saca em 03/10/2016 para os atuais R$ 25,62/saca, ou seja, uma queda de 19,33%.
Fonte dos dados: USDA e CONAB